quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Evoluir para a excelência no apoio materno

“Evoluir para a excelência no apoio materno”.


--Este vídeo retrata a importância do aleitamento Materno. A sua produção e organização foi da responsabilidade da ARS do Algarve, IP e Hospitais da Região do Algarve (HCF e CHBA) e da Associação de Aleitamento em Portugal - “Mamamater”.
--Após observação do filme, este, pareceu-nos de extrema relevância para a temática tratada neste portefólio, nomeadamente, a “Intervenção Precoce”, na medida em que, existe um consenso mundial (comprovado cientificamente), de que a prática exclusiva da amamentação é a melhor maneira de alimentar as crianças até aos 4/6 meses de vida, salvo raras excepções.
--O aleitamento materno surge assim, como uma das principais medidas para a prevenção das manifestações alérgicas, já que esta é uma patologia cada vez mais frequente, nomeadamente as alergias específicas para as proteínas do leite de vaca; mas não só, previne também infecções gastrintestinais, respiratórias agudas e infecções urinárias, estimula o sistema imunitário e melhora a resposta a vacinas, contribuindo para a saúde e desenvolvimento das crianças, até mesmo na prevenção da obesidade infantil. A longo prazo, podemos referir também a importância do aleitamento materno na prevenção da diabetes e de linfomas.
--Segundo o Comité Português para a Unicef:


“O leite materno é um alimento vivo, completo e natural...”.


--A frase anterior, vem assim reforçar a ideia de que o leite materno é um alimento completo para os bebés, o único alimento que contém todos os nutrientes que a criança precisa durante os seus primeiros seis meses de vida, as gorduras e proteínas necessárias, além de vitaminas, do ferro, água e sais minerais. É estéril, e tem muitos factores anti-infecciosos e é facilmente digerido e absorvido pelo intestino do bebé.
--Neste sentido, podemos afirmar sem qualquer dúvida, que o aleitamento materno, constitui uma prática precoce muito importante na prevenção de algumas patologias futuras nas crianças.
--Em 1990, através de uma declaração conjunta designada por Declaração de Innocenti, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a UNICEF, reconhecem que o aleitamento materno constitui um processo único capaz de reduzir a morbilidade e a mortalidade infantil, tendo assumido como código de conduta um conjunto de passos/medidas que são conhecidas como Dez Medidas para um Aleitamento Materno com sucesso.
--Na sequência da Cimeira Mundial para a Infância, a OMS e a UNICEF lançaram em 1991, um programa mundial de promoção do aleitamento materno intitulado, Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés (IHAB), que tem como objectivo especifico a promoção, protecção e apoio ao aleitamento materno através da mobilização dos serviços de Obstetrícia e Pediatria dos Hospitais e dos Centros de Saúde, a nível mundial.
--É portanto neste contexto, que em Portugal, foi criada em Maio de 1992, a Comissão Nacional Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés - CNIHAB, que tem o apoio do Comité Português para a UNICEF e a homologação ministerial. Das diversas actividades levadas a cabo pela Comissão Nacional ao longo de mais de uma década de existência, destacamos: a divulgação das Dez Medidas nos estabelecimentos de saúde com maternidade; a realização de vários cursos de formação em aleitamento materno em hospitais e maternidades do Continente e da Madeira; workshops de formação de avaliadores; avaliações de rotinas hospitalares; criação de uma linha telefónica SOS Amamentação e a edição e divulgação de um Manual do Aleitamento. Neste momento são 3, os Hospitais que tem o certificado “Amigos dos bebés”, nomeadamente o Hospital Garcia de Orta, em Lisboa, a Maternidade Bissaia Barreto, em Coimbra e o Centro Hospitalar Barlavento Algarvio, na região do Algarve.
--É precisamente no Centro Hospitalar Algarvio, a origem deste pequeno vídeo (anexo a este documento), que nos mostra a sala de amamentação. São espaços próprios, específicos e privilegiados de atendimento a mães lactantes, assegurado por profissionais, devidamente acreditados como Conselheiros de aleitamento materno, proporcionando um apoio fundamental às puérperas e aos casais inexperientes em termos do sucesso do aleitamento materno, para reduzir a percentagem de abandono da amamentação. Considerámos interessante o facto de ser uma figura pública, nomeadamente a cantora, Viviane, a narradora deste pequeno vídeo publicitário, que relata toda uma série de vantagens do aleitamento materno, e assim sendo, a mensagem poderá ter mais impacto na sociedade, principalmente nas futuras mães.
--Nas últimas décadas, e após um período de quebra no aleitamento materno, assiste-se a um retorno gradual desta prática, a que muito se fica a dever em grande parte, a iniciativas promovidas por várias organizações, e consequentemente a um maior conhecimento das significativas vantagens do leite da mãe para os seus bebés, quer a curto, quer a longo prazo.
--Assim sendo, é nossa opinião, que todas as estratégias e iniciativas que permitam aumentar a prevalência do aleitamento materno são bem vindas e devem ser incentivadas. No entanto, há casos em que as mães não podem ou não desejam amamentar; neste último caso, são vários os factores que poderão estão na base de uma decisão negativa da mãe, perante a sua disponibilidade de amamentar, nomeadamente por razões profissionais, comodismo, o facto dos bebés cada vez mais cedo serem colocados em creches ou infantários, entre outros. Consideramos que a decisão de amamentar é uma decisão pessoal, sujeita a muitas influências resultantes da socialização de cada mulher. Contudo, a informação da importância do aleitamento tem de chegar ao destinatário, e a partir daí, respeitar a decisão de cada mãe. Como mães que algumas de nós somos, e dadoras de leite materno, durante alguns meses, ousamos dizer que a nossa experiência foi muito gratificante, do ponto de vista da aproximação e interacção entre nós e os nossos bebés, no entanto não são tudo “mar de rosas”. Por vezes, surgem problemas relacionados com a subida de leite, os mamilos doridos e gretados, as dúvidas sobre a duração das mamadas, o excesso de leite nos peitos e todas as consequências que daí advêm... enfim, uma série de dificuldades que não são alheias às mães que amamentam; mas o facto de nós termos a consciência que este processo é vantajoso tanto para nós, mães, e principalmente para os nossos bebés, estas dificuldades são superadas e a vontade e desejo de amamentar prevalece.

Bibliografia:
·Revista “Pais & Filhos”- Primeiro Ano. Edição Especial 2003/2004, nº 6.
·Manual do Aleitamento Materno – Comité português para a UNICEF/Comissão Nacional Iniciativa Amigos dos Bebés, Edição revista de 2008.

Site consultado:
·www.mamamater.org – Associação de Aleitamento Materno em Portugal, em 16 de Fevereiro/09

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“ Aqueles que passam por nós,
não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Antoine Saint-Exupéry
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Intervenção Precoce na Infância
--A Intervenção Precoce na Infância (IPI) segundo Dias (1997: 11) é um conjunto de estratégias e recursos utilizados de modo multidisciplinar, com o fim de prevenir o mais cedo possível falhas no desenvolvimento da criança, que possam condicionar o seu normal posicionamento ao longo da vida, e para Correia e Serrano (1998: 69) é a disponibilização de serviços adequados para as crianças com Necessidades educativas Especiais (NEE) e ainda para aquelas em risco de vires a apresentar NEE e suas famílias.
--Estes autores defendem que a IPI deve ser enquadrada numa perspectiva ecológica, isto é, têm de se adaptar meios para envolver a família, sendo esta co-autora da intervenção. Pimentel (1997:146) citando Leitão (1989) define IPI como um serviço que engloba toda uma gama diversificada de serviços – médicos, educativos e sociais – que procuram, através do desenvolvimento de projectos e de programas adequados às necessidades especiais das crianças abrangidas, evitar ou reduzir ao máximo os efeitos negativos que determinados factores provocam no crescimento e desenvolvimento infantil.
--Todas estas definições são consensuais numa orientação centrada nas famílias e em que existem objectivos traçados e individualizados. Esse conjunto de objectivos visam responder às necessidades de cada criança em risco e da sua família, envolvendo todos os recursos formais/informais da comunidade de forma a se tornas eficaz.
--Correia e Serrano (1998:21) afirmam que a crianças apesar de estar no centro da acção/intervenção deverá ter-se sempre em conta todo o meio que a envolve (recursos formais/informais) para que se possa também agir nesse mesmo meio ou recorrer a ele.
--Os serviços a prestar às crianças e à família devem resultar da colaboração entre várias instituições e apoios informais que melhor respondam à globalidade das necessidades e aspirações sentidas pelo núcleo familiar.
--A IPI é orientada pelas necessidades da família e da criança, enfatiza as forças (não os défices) e promove a escolha e o controlo da família sobre os recursos desejados. A abordagem da IPI deve ajudar as famílias a responder às necessidades específicas das crianças com necessidades educativas especiais, de modo a estas não se tornarem dependentes dos serviços de apoio. Assim, a IPI é uma área importante, quer a nível de políticas quer a nível profissional, no que respeita ao direito das crianças em idades muito precoces e das suas famílias, a receber o apoio de quem possam necessitar. A IPI tem como objectivo apoiar e atribuir direitos à criança e à sua família e aos serviços envolvidos. Ajuda, assim, a construir uma sociedade inclusiva e coesa atenta aos direitos das crianças e das suas famílias.
--Em Portugal, com a publicação do Decreto-Lei 319/91, e mais recentemente com o Decreto-Lei 3/08, privilegia-se a integração das crianças com NEEP nas escolas do ensino regular, tendo por objectivo contribuir para que estas crianças vivam em meios o menos restritos possível, convivendo com as ditas “normais”. Contudo, verificam-se algumas dificuldades na implementação dos programas de IPI. Segundo Correia e Serrano (1998: 29) existe grande heterogeneidade e assimetria de projectos demonstrando ainda uma acção demasiado centrada na criança e não na família.
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Bibliografia:
·CORREIA, L. M. & SERRANO, A. M. (1998). Envolvimento Parental em Intervenção Precoce – Das práticas centradas na criança às práticas centradas na família. Porto: Porto Editora. Colecção Educação Especial.
·DIAS, J. C. (1997). Intervenção Precoce: uma acção preventiva. Revista Integrar, 12, 11-13
·PIMENTEL, J.S. (1997). Um bebé diferente. Da Individualidade da Interacção à Especificidade da Intervenção. Lisboa: Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência.

Gaguez

“Um pouco de imperfeição não é assim tão mau
Um pouco de imperfeição não nos deve pôr tristes”. (…)
(...) “Um pouco de imperfeição no sítio perfeito
pode fazer com que este mundo não tão perfeito
seja mais fácil de enfrentar (…).
(…) nós poderíamos caminhar na direcção certa
se aprendêssemos a viver com um pouco de imperfeição”(...)
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Kathy Schinskimb
A Intervenção Precoce na Gaguez
--Kathy Schinskimb, através do seu pensamento, alertou-nos para uma situação deveras pertinente. As “pequenas” imperfeições que eventualmente as crianças possam ter e que nem sempre são levadas a sério, sob o ponto de vista clínico - é o caso da Gaguez ou Dislalia. Embora muitas crianças tenham esta patologia, a verdade é que as famílias, a escola, raramente procuram intervir de forma a que a criança ultrapasse este problema, que muitas vezes tem consequências menos agradáveis para a mesma.
--As hesitações, as repetições e a demora na emissão das palavras, são algumas das suas manifestações, bem como, o prolongamento anormal dos sons; Alguns investigadores, concluem que a gaguez se deve a uma forma subtil de lesão cerebral, outros ainda consideram-na como um problema essencialmente psicológico. A hereditariedade também se inclui como uma das possíveis causas, pois é vulgar esta perturbação da linguagem surgir em pessoas cujas as famílias tenham casos de gaguez, por exemplo, avós, pais ou irmãos, ou simplesmente manifestar-se até em indivíduos que na fase da aquisição da linguagem sejam sujeitos ao convívio com pessoas gagas. Daí se poder concluir que o meio é muito importante para o surgimento desta perturbação da fala.
--A Gaguez pode afectar psicologicamente a criança, inibindo o seu convívio social, a sua auto-estima. O rendimento escolar intensifica-se de forma negativa, em situações de grande pressão, ou seja, sempre que existam ou surjam acontecimentos com um elevado nível de stress ou ansiedade, esta perturbação da fala será também ela intensificada, podendo gerar dificuldades e consequentemente o insucesso escolar, se a criança não for devidamente acompanhada.
--De acordo com Luís de Miranda (1999), a gaguez dá-se a partir das dificuldades de articulação normais, comuns a todas as crianças por volta dos três anos de idade, sendo que a maior parte das crianças atravessa esta fase sem problemas, mas em algumas esta dificuldade normal, pode transformar-se em gaguez.
--É neste sentido que consideramos que a Intervenção Precoce, nestas crianças, é de todo fundamental.
--Há quem defenda que esta perturbação da fala pode ser tratada em escolas especializadas com métodos próprios. Por outro lado é também amplamente defendido, que a aplicação da Terapia da Fala e suas técnicas melhora substancialmente as manifestações da fala do indivíduo, tais como o canto, representações teatrais, e outras. A prática de exercícios respiratórios, é outra recomendação efectiva (treinos respiratórios lentos e controlados e combinados com movimentos coordenados).
--O diagnóstico e a intervenção, são fundamentais para o sucesso terapêutico, visto que a criança apresenta condições mais favoráveis para a aprendizagem de novas competências, entre elas, a fluência, nomeadamente nos anos pré-escolares.
--A participação dos familiares e professores é fundamental nesta fase da vida da criança, pois ela imitará os modelos de fala a que estiver exposta, daí a importância destes intervenientes na gaguez infantil. A Intervenção Precoce neste domínio adquire um contorno fundamental porque em alguns casos, “resultados positivos são frequentes num período curto de tempo, que de outra forma, se negligenciada na idade pré-escolar poderá tornar-se numa gaguez persistente” (Miranda, 1999). Então podemos dizer, que o trabalho integrado com a família é fundamental, visto esta ter o principal papel de interlocução com a criança no acto de comunicar.
--Assim sendo, neste microsistema (M.E.D. de Bronfenbrenner) íntimo e próximo da criança, a fala tornar-se-á tanto mais fluente, se quem interage com ela, tiver uma postura facilitadora, ou não. O trabalho conjunto do terapeuta com a família poderá propiciar resultados mais positivos, sendo que, haverá trabalho de continuidade da fluência do discurso, trabalhado e adquirido na terapia para o lar. Ou seja, é fundamental que sejam dadas orientações específicas aos familiares que vivam com a criança, para que possam ter e transmitir um modelo de fala, o mais adequado possível à fluência trabalhada pelo técnico. É por isso fundamental, que a família saiba como fazer, o que fazer, perante um quadro de gaguez.
--Há, assim, vários objectivos a trabalhar com a família, destacando-se em primeiro lugar a compreensão e sensibilização desta problemática junto dela. A valorização da qualidade das interacções diárias com a criança revela-se primordial. Não menos importante, é saber operacionalizar modelos de comunicação que facilitem os actos de fala (fala mais lenta, fácil e relaxada, aumentar o tempo das pausas nas conversações, promover momentos de silêncio para escutar).
--Nesta intervenção, a família deve ser alertada, instruída para que haja uma efectiva diminuição do facto ansiedade, devendo esta aprender como contornar as chamadas palavras problemáticas, evitando a sua pronunciação, aprender a falar mais pausadamente, e também exercícios respiratórios favoráveis ao relaxamento. Esta não deverá dizer à criança para não ter medo de falar, para ficar calma ou para respirar antes de falar, pois tais conselhos só servirão para agudizar a sua ansiedade. Deve também, estar atenta na criação e manutenção de rotinas, ou seja, nos horários para comer, para dormir, para ir para a escola, pois podem parecer questões de menor importância, mas que na realidade assumem grande relevância, se pensarmos que alterações de rotinas podem criar ou aumentar o estado de ansiedade numa criança gaga.
-- Neste âmbito, é de todo relevante evitar discutir na frente dela e deve-se valorizar o que ela diz, ouvindo-a realmente e dando-lhe a devida atenção e paciência. Esta atitude positiva, melhorará a auto-estima da criança, deve-se por isso elogiá-la sempre que possível. Deve-se transformar os momentos de
diálogo com a criança em momentos agradáveis, fazendo uso sempre que desejável do reforço positivo.
--O relacionamento positivo entre estes intervenientes, será fonte de uma sociabilização efectiva e facilitada, quer no seu presente, quer no seu futuro.
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Bibliografia:
·CORREIA, Luís de Miranda (1999). Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes Regulares, Porto. Porto Editora
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Site consultado:
·
www.gago.website.com, em 2 de Fevereiro /09

Baixa visão


O Mundo é visto pelo cérebro a partir das imagens obtidas na câmara escura do olho (Descartes)
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-- Estar atento para uma intervenção atempada
--Enquanto a criança é muito pequena não lhe é fácil identificar e exprimir as suas dificuldades. É pois, muito importante que os pais, educadores, amas e professores estejam atentos para alguns sintomas que podem ser indicadores de dificuldades ao nível da acuidade visual da criança.

Sinais de alerta.

Alterações do aspecto dos olhos e da face
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· Pálpebras vermelhas e inchadas
· Lacrimejar com frequência
· Franzir as sobrancelhas
· Entortar ou piscar os olhos frequentemente
,
Comportamento psicomotor
· Esfregar os olhos
· Aproximar demasiado os objectos dos olhos
· Inclinar a cabeça sempre na mesma direcção
· Procurar os objectos com as mãos
,
Queixas
· Dor. Comichão ou sensação de picada nos olhos
· Visão de objectos turvos ou visão dupla
· Dores de cabeça, náuseas e vómitos
· Fechar os olhos ou franzir as sobrancelhas perante luz intensa
,c
Comportamento sócio-emocional
· Irrita-se quando tem de fazer tarefas mais exigentes ao nível visual
· Tem dificuldades em manter a atenção às actividades
· Solicita constantemente ajuda
· Evita participar em actividades físicas
Fonte: Centro de Apoio à Intervenção Precoce na Deficiência Visual - Coimbra
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Intervenção Precoce na ajuda à família
--A criança deficiente visual é, antes de mais, uma criança. As suas potencialidades intelectuais, afectivas e motoras em nada estão diminuídas, mas devido às suas limitações ou incapacidade de visão ela necessita de uma educação específica e apropriada às suas dificuldades.
--A família é o primeiro grupo a que uma criança pertence, é, pois, aí que deve iniciar-se o processo de autonomia e integração. É no seio da família que a criança faz as aprendizagens basilares de toda a sua vida, pois é com os pais que as crianças descobrem o mundo onde se inserem e as formas de se relacionarem com ele. Mas, para desempenharem a tarefa de educar uma criança diferente, estes pais precisam de conhecimentos que lhes permitam entender e ir ao encontro das necessidades específicas dos seus filhos. É de extrema importância que estes sejam acompanhados e aconselhados por uma equipa de Intervenção Precoce que os oriente e ajude a proporcionar à criança com deficiência visual situações que privilegiem o uso de sentidos alternativos à visão (tacto, audição, sistemas de orientação alternativos,…). É imperioso que se desenvolva com elas um trabalho de estímulo e uso de outros sentidos que minimizem a falta de visão. Esta intervenção deve ser realizada nomeadamente por uma Educadora de Infância, especialista em deficiência visual, pois o papel da educadora especialista na deficiência visual não é só ensinar a criança, mas também informar, aconselhar, guiar e treinar os pais, supervisionar e avaliar (Hewitt, 1982).
--A Intervenção Precoce deve incrementar actividades que facilitem a integração social da criança e que lhe permitam desenvolver competências essenciais para que venha a ser um adulto independente e capaz de se integrar na comunidade de que faz parte.
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Máximas e citações

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A dislexia

--Este pequeno apontamento, extraído da revista Pais e filhos, número 188, de Setembro de 2006, volta a colocar a ênfase no papel da Intervenção Precoce, sobretudo quando refere a realização de testes de despistagem da dislexia a todas as crianças do ensino pré-escolar. Outro aspecto, mencionado neste artigo, que salienta a importância da Intervenção Precoce é a introdução de um diagnóstico precoce obrigatório e a formação e sensibilização dos educadores de infância e professores do primeiro ciclo do ensino básico.
--Ora, tomando como referência que a Intervenção precoce, no seu âmbito mais lato, procura, através de acções mais adequadas, evitar ou reduzir, ao mínimo, os efeitos negativos que determinados factores podem ter no crescimento e desenvolvimento da criança, então fará sentido a sua actuação nesta situação em particular: a dislexia.
--Neste sentido, poderíamos dizer que os programas de Intervenção Precoce são definidos de forma a promover o desenvolvimento, minimizar potenciais atrasos, remediar os problemas existentes, prevenir a deterioração posterior, limitar a aquisição de deficiências adicionais e/ou promover um desenvolvimento adaptativo. Aspectos que vão ao encontro dos objectivos definidos no Despacho Conjunto 891/99, artigo 5º.
--Assim, realizar testes de despistagem da dislexia em crianças do pré-escolar terá todo o sentido, não apenas para atenuar, o mais cedo possível, os efeitos que ela trará à criança a curto e a longo prazo, mas também para facilitar o desenvolvimento global da criança. E aqui, mais uma vez, será importante a articulação com a família e a comunidade, cujos papéis não podem ser descurados, sublinhando-se, pois, o carácter transdisciplinar da Intervenção Precoce. É isso, aliás, o preconizado pelas teorias ecológico-sistémica de Bronfenbrenner e transaccional de Sameroff e Chandler.

Bibliografia:
-Despacho Conjunto nº891 de 1999 (2ª série), publicado no Diário da República, 2ª série, nº244, de 19 de Outubro (artigos números 2, 4 e 5).
-Apontamentos disponibilizados pela Professora, Dr.ª Vera Vale, nas aulas.

Diabetes

O que é a Diabetes?

--A diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glucose) no sangue. À quantidade de glucose no sangue, chama-se glicemia. Ao aumento da glicemia, chama-se: hiperglicemia.
--A Diabetes é uma situação muito frequente na nossa sociedade e a sua frequência aumenta muito com a idade, atingindo os 2 sexos. Em Portugal, calcula-se que existam entre 400 a 500 mil pessoas com Diabetes.

As causas da diabetes
--A diabetes é uma doença que resulta de uma deficiente capacidade de utilização pelo nosso organismo da nossa principal fonte de energia – a glucose. Muitos dos alimentos que ingerimos são transformados em glucose no nosso aparelho digestivo. Ela resulta da digestão e transformação dos amidos e dos açúcares da nossa alimentação. Depois de absorvida, entra na circulação sanguínea e está disponível para as células a utilizarem.
--Para que a glucose possa ser utilizada como fonte de energia, é necessária a insulina.
A hiperglicemia (açúcar elevado no sangue) que existe na Diabetes, deve-se em alguns casos à insuficiente produção, noutros à insuficiente acção da insulina e, frequentemente, à combinação destes dois factores.

--Se a glucose não for utilizada, acumula-se no sangue (hiperglicemia) sendo depois, expelida pela urina.
--A insulina é produzida nas células ß dos ilhéus de Langerhans do pâncreas. O pâncreas é um órgão que está junto ao estômago e fabrica muitas substâncias, entre elas a insulina. A insulina é fundamental para a vida. A sua falta ou a insuficiência da sua acção leva a alterações muito importantes no aproveitamento dos açúcares, das gorduras e das proteínas que são a base de toda a nossa alimentação e constituem as fontes de energia do nosso organismo.
Existem vários tipos de Diabetes mas, de longe, a mais frequente (90% dos casos) é a chamada Diabetes Tipo 2.

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Diabetes gestacional
--Existe, ainda, a Diabetes que ocorre durante a gravidez: a Diabetes Gestacional. Esta forma de diabetes surge em grávidas que não tinham Diabetes antes da gravidez e, habitualmente, desaparece quando esta termina. Contudo, quase metade destas grávidas com Diabetes virão a ser, mais tarde, pessoas com Diabetes do tipo 2 se não forem tomadas medidas de prevenção.
--A Diabetes Gestacional ocorre em cerca de 1 em cada 20 grávidas e, se não for detectada através de análises e a hiperglicemia corrigida com dieta e, por vezes com insulina, a gravidez pode complicar-se para a mãe e para a criança. São vulgares os bebés com mais de 4 Kg à nascença e a necessidade de cesariana na altura do parto. Podem, por exemplo ocorrer abortos espontâneos.


Fonte: http://www.anip.net/

--Anteriormente à descoberta da insulina, em 1921, a mortalidade era alta e a esterilidade ocorria num número elevado de indivíduos.
--O facto de se considerar que esta doença atinge apenas o adulto resume-se a um esteriótipo, pois actualmente a elevada taxa de obesidade infantil associada a uma vida sedentária e a maus hábitos alimentares, fomentam o aparecimento da diabetes, aumentando consideravelmente entre as crianças.
--Nos casos em que se verificava a gravidez, era frequente a mortalidade materna e fetal. No entanto, o prognóstico da gravidez tem vindo a melhorar consideravelmente, devido à consequente melhoria dos conhecimentos. Os beneficos do progresso traduziram-se numa mais estreita colaboração entre obstretas, diabetologistas, e neonatologistas, permitindo um verdadeiro plano de vigilância e tratamento.
--Muitas crianças desenvolvem diabetes e os pais normalmente não sabem como lidar com esse problema. Nestas situações é fundamental conhecer melhor doença e tirar todas as dúvidas para ajudar a crianças.
--Também associado ao progresso e à evolução da sociedade tem-se vindo a revelar que uma maior incidência de crianças com diabetes. É na faixa dos 5 aos 7 anos e durante a puberdade que a doença tende a ser mais comum. Esta situação é consequência da pouca produção de insulina, não se conseguindo controlar a taxa de glicose ingerida.
--Quanto mais cedo a diabetes for detectada, mais oportunidades se tem na eficácia e no controlo da doença, de modo a evitar complicações futuras. Desde o nascimento há medidas de prevenção da diabetes traduzindo-se no aleitamento materno, abdicando da alimentação artificial, rica em açúcares desnecessários nesta fase.
--Habitualmente a diabetes infantil manifesta-se atrvés da presença constante de sede, do aumento da fome e emagrecimento, aumento do número de vezes que urina. Estas manifestações, na maioria das vezes fazem-se acompanhar por um elevado mal estar, sonolência, fraqueza, tonturas e câimbras. Ao se suspeitar desta doença é fundamental procurar um médico rapidamente para que o diagnóstico e tratamento da diabetes seja o mais precoce possível.


Sites consultados:
http://www.anip.net/, em 30 de Janeiro/09

Síndrome de Cornélia de Lange

--Em 1916, Winfried Robert Clemens Brechmann, jovem médico, que trabalhava no Hospital Pediátrico em Dresden, escreveu sobre uma criança com 19 dias que teria morrido com uma pneumonia. No seu caderno de notas foi descrito um número significativo de características nunca estudadas em pediatria.
--Infelizmente, o doutor Brechmann foi forçado a interromper o seu estudo por ter sido chamado a defender a pátria na II Grande Guerra, onde foi morto em combate. Decorreram 17 anos até outro médico voltar a escrever sobre o assunto. Tinha então esta médica observado não um mas dois casos. Cornelia Catharina De Lange nasceu em Alkmaar, na Holanda, em 1871, e em 1886 tornou-se a primeira rapariga dessa cidade a entrar na liceu.
--Quando era mais nova queria estudar medicina, mas, em consonância com a sociedade e com as objecções do pai, que alegava que a medicina não era própria para mulheres, acabou por entrar na Universidade de Amsterdão, em 1891, para estudar química. Mas cedo o seu pai mudou de ideias e, no ano seguinte, ela seguiu o seu caminho para se tornar médica. Formou-se em 1897 e no mesmo ano começou a exercer. Foi a quarta mulher na Holanda a escrever uma tese médica.
--No início do século XX, a pediatria ainda não era uma especialidade na Holanda e os médicos interessados em melhorar as suas capacidades nessa área eram frequentemente compelidos a estudar no estrangeiro. A doutora De Lange foi para a Suiça e, sob a tutela de Oskar Wyss, trabalhou no “Kinderspital” (Hospital Pediátrico) de Zurique. Em 1907, a sua reputação enquanto pioneira no campo da pediatria valeu-lhe um lugar no Hospital Pediátrico de Amsterdão, o Emma Kinderziekenhuis. Rapidamente, viu-se recompensada pelo seu carácter calmo, amigável e bem-disposto, que punha à vontade tantos os pais como as crianças. Teve também um papel crucial no estabelecimento de uma ala para recém-nascidos, que se tornou um importante centro de treino para enfermeiras. Foi a primeira mulher na faculdade de medicina da Universidade de Amsterdão, trabalhou na parte editorial do principal jornal médico holandês, e a sua versão de um livro alemão sobre bebés e crianças é considerado o “Dr. Spock” da altura. Em 1927, foi nomeada professora de pediatria na universidade, cargo que ocupou até 1938, quando a desilusão com o facto de a universidade não dar à pediatria a importância que esta merecia, a levou de volta ao Emma Kinderziekenhuis. Aí continuou a exercer até morrer, em 1950.
--Nos finais da década de 20, a Dra. De Lange tinha alcançado respeito e aclamação pelo seu trabalho em medicina pediátrica e pelo seu penetrante olho clínico (entre 1929 e 1935, foi presidente da Associação Holandesa de Pediatria). Mas, em 1933, imortalizou o seu nome com um relatório que dava conta de duas crianças (sem qualquer ligação familiar) com características físicas semelhantes – uma com 17 meses e outra com seis – que tinham dado entrada no hospital com semanas de diferença. Não só as duas meninas apresentavam os mesmos problemas de saúde, como a sua semelhança física era notável. A Dra. De Lange descreveu as suas crianças como “typus degenerativus Amstelodamensis” (tipo degenerativo de Amsterdão. Em ambos os casos, esforçou-se seriamente para registar as suas observações com todos os pormenores. Infelizmente, não conseguiu encontrar nenhum registo de doença semelhança na literatura médica. O mais provável é que não tenha prestado atenção ao relatório do Dr. Brachmann porque este tinha concentrado os seus estudos noutros aspectos da síndrome. Em 1941, apresentou um terceiro caso à Sociedade Neurológica de Amsterdão, e a Síndrome de Cornelia de Lange começou a ser reconhecida. Em 1947, recebeu do governo holandês uma distinção.
--Entre 1933 e 1942, foram anunciados, em todo o mundo, cinco casos de CDLS. Nos anos que decorreram entre 1943 e 1952, conheceram-se outros seis. Dezasseis casos foram anunciados entre 1953 e 1962, e no intervalo de cinco anos entre 1963 e 1968, um total de 109 casos. Actualmente, só nos Estados Unidos, a Fundação da Síndrome de Cornelia de Lange providencia ajuda a mais de duas mil pessoas com CDLS e as suas famílias. Em conjunto com o Conselho Científico, uma rede de médicos, educadores e cientistas, num vasto leque de especializações, a Fundação promove investigações vitais para melhorar os diagnósticos precoces e permitir a descoberta das causas da síndrome. Centenas de voluntários espalhados pelos Estados Unidos organizam eventos e actividades com vista a aumentar a consciência acerca da síndrome. Os voluntários também disseminam informação e estendem uma mão aos interessados em aprender mais sobre CDLS, incluindo famílias, amigos e profissionais. No escritório da Fundação em Avon, no Estado de Connecticut, existe uma equipa de assistentes sociais e de profissionais dedicados a aumentar a sensibilidade em relação à síndrome.
--Em 1965, 15 anos depois da morte de Lange, nasceu uma menina em Seatle, filha de Sue Anthony. Foi diagnosticada CDLS a Kathy Anthony. Na altura, pouco se sabia acerca da síndrome, a não ser o que já tinha sido publicado nos jornais de medicina, escrito numa linguagem clínica e seca e contendo previsões terríveis e desoladoras. Pior ainda, a maioria dos geneticistas nunca tinha ouvido falar de tal coisa. Cinco anos mais tarde, em Stika, Alasca, Carol Welsh, mãe do Ron, um bebé com CDLS, leu um artigo de jornal sobre Kathy Anthony. As duas famílias trocaram correspondência durante algum tempo, antes de se conhecerem no aeroporto de Seattle, onde ficaram admiradas com as parecenças físicas entre as suas crianças. Então perceberam o quão essencial seria para as famílias das crianças com CDLS saberem que não estão sozinhas e compreenderam os benefícios para todos os envolvidos na troca de ideias entre famílias que lidam com CDLS.
--E assim nasceu a Fundação da Síndrome de Cornelia de Lange, da necessidade de responder ao isolamento e à falta de ajuda que estas famílias experimentaram aquando do diagnóstico das suas crianças. As famílias fundadoras deram início à organização como um grupo de apoio, cujo único programa era a revista Reaching Out. Na altura, esperavam conseguir criar uma fundação, que pudesse oferecer vários serviços às famílias.
--Usando uma máquina de escrever e um aparelho para tirar cópias com papel Stencil, Sue e Carol publicaram o primeiro número da Reaching Out no Verão de 1977. Enviaram exemplares para nove famílias e para um pequeno grupo de profissionais interessados em partilhar a sua informação. Em 1980, em resposta a uma carta de Sue para a revista Exceptional Parent, 18 famílias de crianças com CDLS marcaram um piquenique para um pavilhão numa colina de Maryland. Vieram de todo o país para se conhecerem e partilharem experiências. Muitas destas famílias nunca tinham visto outra criança com CDLS. Um ano mais tarde, a fundação avançou, como organização sem fins lucrativos, com o Dr. Laird Jackson, geneticista do Jefferson Medical College, Filadélfia, como director clínico.
--Durante quatro anos, o pavilhão em Maryland atraía um número cada vez maior de famílias e profissionais, obrigando a uma mudança de instalações. Em 1985, a fundação organizou a sua primeira conferência, em Indianapolis, Indiana. Ainda hoje o formato é seguido: médicos e especialistas apresentam as suas últimas pesquisas sobre CDLS e dão consultas individuais, as famílias e os profissionais partilham informação, e um grupo de escuteiros ajuda a tomar conta das crianças. Desde então, as conferências realizam-se anualmente. Em 2001, estabeleceram-se cinco regiões diferentes dentro dos EUA, por forma a levar os encontros e os serviços a um nível mais local.
--Avanços significativos nos campos da medicina e da genética têm vindo a aumentar a consciência da síndrome e a melhorar as técnicas de diagnóstico, em relação ao tempo de Cornelia de Lange e das mães que fundaram a organização. São mais as crianças a quem é feito um diagnóstico precoce da síndrome. A informação está disponível imediatamente para ajudar as famílias a tomar decisões conscientes no que diz respeito às suas crianças. São reunidos fundos que são depois doados com vista à investigação necessária à descoberta da causa da doença e à construção de serviços mais perto dos locais onde vivem as famílias afectadas. E no entanto, estima-se que ascendam a 10 mil as crianças e os adultos norte-americanos portadores da síndrome, mas a quem esta ainda não foi diagnosticada.
--Este ano marca o 25.º aniversário da Reaching Out. Desde 1977, quando duas mães de crianças com CDLS uniram esforços para ajudar outras pessoas na mesma situação, a Reaching Out passou de uma revista informal enviada por correio a meia dúzia de pessoas à pedra angular da fundação. Hoje em dia, cada número da Reaching Out chega às mãos de mais de 20 mil pessoas. Os vários números têm dado conforto a várias famílias, ajudando-as a lidar com a sua frustração e isolamento. Os artigos incluem informação fornecida por médicos e especialistas e por pais que dão conselhos sobre tudo, desde a alimentação das crianças afectadas até à forma de lidar com a dor. Pais, avós orgulhosos, tias, tios e amigos têm contribuído com fotografias e elogios sinceros tanto à fundação como às crianças com CDLS.
------------------------------------------Tradução da Reaching Out


--Chamam-se “ doenças raras” todas as patologias em que aparece 1 caso em cada 10000 cidadãos saudáveis. Estima-se que, a nível mundial, existam 7200 doenças raras, aparecendo 5 novas patologias, por dia. Estas doenças têm uma origem genética, são incuráveis e degenerativas.
--Doenças como Síndrome da Angelman, Cornelia de Lange, Prader Willi, Kabuki ou Fabry, são patologias que resultam de alterações a nível dos cromossomas, e que alargam a definição de pessoa deficiente. Conceito que, até há pouco tempo, se restringia a dificuldades de locomoção, perturbações mentais ou falta de visão.
--As chamadas doenças raras fazem-se acompanhar de algumas deficiências, como problemas neurológicos, o atraso do desenvolvimento, perturbações do comportamento (hiperactividade, auto e heteroagressão e alterações de sono), sendo possível encontrar casos de epilepsia em doenças como o Síndrome de Angelman, ou menos frequentemente, o Sindrome de Cornélia de Lange.
--O diagnóstico de uma doença rara e crónica na criança tem um impacto significativo na família. Os pais são os que mais sofrem, sendo frequente que após a descoberta da doença, se siga a perda de auto-estima e uma profunda solidão.
--Descrita em 1933 por uma pediatra holandesa, o síndrome de Cornelia de Lange é uma doença rara e congénita.
--O Síndrome de Cornelia de Lange é um conjunto de anomalias cujas bases genéticas e bioquímicas são desconhecidas. É diagnosticada pelas suas características faciais em associação com atraso de crescimento pré e pos - natal, atraso mental de grau variável e, em alguns casos, anomalias dos membros superiores.
--As características craneofacias incluem microcefalia com occipital aplainado e um baixo contorno do couro cabeludo, um nariz pequeno com narinas antevertidas, cílios longos e curvos, sobrancelhas abundantes que por volta dos 16 meses se encontram na linha mediana(sinofris). Outras características que podem incluir são lábios delgados e dirigidos para baixo, prega nasolabial larga, boca voltada para baixo com lábios finos e um queixo pequeno e implantação baixa das orelhas. Os indivíduos afectados podem também ter mãos e pés pequenos (micromelia). Hirsutismo, contraturas em flexão dos cotovelos, aplasia ou hipoplasia dos membros e, no sexo masculino, hipospadias com criptorquidismo são comuns, bem como anormalidades significativas de vários outros órgãos importantes. Assim, o Síndrome de Cornelia de Lange pode associar-se a refluxo gastroesofágico, transtornos da alimentação, malformações cardíacas, surdez, miopia, estrabismo e problemas respiratórios entre outros. Em alguns casos pode-se associar à malformação de Dandy-Walker.
--Não há um exame pré-natal que permita detectar prematuramente o síndrome e, por outro lado, mesmo sendo um bebé muito pequeno, ninguém pensa que se trata de Cornelia de Lange. O diagnóstico do Síndrome de Cornelia de Lange é clínico, baseado na face característica e no padrão de anomalias encontrado. A observação das anomalias da face é, em geral, suficiente para o diagnóstico. Devem-se excluir alterações cromossómicas.
--Por ser extremamente rara, há pediatras que nunca se cruzam com uma criança com esta patologia. Segundo Paula Costa, representante portuguesa da Cornelia de Lange Sindrome Foundation, há apenas 50 casos em Portugal.
--A maioria dos autores sugere que a incidência do Síndrome de Cornelia de Lange está subestimada, em virtude da mortalidade precoce e da existência de indivíduos com formas mais ligeiras em que o diagnóstico se torna mais difícil. Segundo DAVIS e ZITELLI (1992) estima-se que a incidência seja de 1 em 100000 nados vivos. A maioria dos casos é esporádica e tem estudos cromossómicos normais. A etiologia do Síndrome de Cornelia de Lange ainda não está definida e o risco empírico de recorrência é de cerca de 2-5%. Parece haver uma forma menos grave que pode ser autossómica dominante em que o risco de recorrência para filhos de indivíduos afectados é de 50%.Algumas alterações dos cromossomas 3 e 9 podem originar alterações semelhantes às do Síndrome de Cornelia de Lange.

Bibliografia:
-Davis, W. Holly; Zitelli, Basil J. (1992). Atlas Colorido de Diagnóstico Clínico em Pediatria. 2ª Edição. Pittsburgh, Editora Manole Ltda., pág. 1.20 e 1.21.

Sites consultados:
-http://www.aonp.org.br/fso/revista7/rev711.htm, em 23 de Janeiro/09

Anemia e Leucemia



Especialistas consideram anemia importante problema de saúde pública
--A anemia por falta de ferro é considerada pelos especialistas um importante problema de saúde pública. Alguns países, como por exemplo os Estados Unidos, suplementam o pão e outros alimentos com ferro. Esta medida não é consensual na comunidade médica, na medida em que existem pessoas com doenças que se associam a um excesso de ferro.
--A Prof.ª Letícia Ribeiro, directora do Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra, assinala os principais mecanismos fisiopatológicos que estão na origem da carência de ferro.

--O baixo peso ao nascimento, um baixo aporte de ferro aquando da diversificação alimentar e a introdução do leite de vaca antes do 12 meses são responsáveis pela grande prevalência da carência de ferro no primeiro ano de vida. Nesta faixa etária a carência de ferro está associada a uma menor capacidade de aquisição de conhecimentos cognitivos, que parece ser irreversível.Na adolescência é o crescimento rápido, muitas vezes associado a uma alimentação pouco rica em ferro, que vai condicionar o défice. Na mulher a anemia por falta de ferro é muito frequente devido aos fluxos menstruais abundantes.
--Esta médica destaca que há duas situa­ções que conduzem à anemia e que hoje em dia raramente se registam entre nós. «Dar leite de vaca às crianças no primeiro ano de vida e não suplementar as grávidas com ferro. É algo que os cuidados primários resolveram bem, em ambos os casos. Existem excepções a combater, em especial nas zonas mais carenciadas, mas em Portugal a situação não é crítica.»
--Como se manifesta a anemia
--A anemia manifesta-se por palidez e cansaço fácil e é diagnosticada através de um hemograma que mostra um valor baixo de hemoglobina e uns glóbulos vermelhos mais pequenos e mais «descorados» que os normais. Letícia Ribeiro sustenta ainda que, «antes mesmo de haver anemia, há lugar a uma carência de ferro nas outras células do organismo que se associa a falta de forças e a uma diminuição da capacidade de trabalho e de atenção». O tratamento com ferro deve ser feito, de acordo com a hematologista, «de modo a normalizar os níveis de hemoglobina e fornecer ferro para os depósitos de reserva no organismo, que serão utilizados em situações de carência».
--Para além das anemias por falta de ferro, que são muito frequentes em todo o mundo, há outros tipos de anemias, congénitas ou associadas a outras doenças. Algumas das anemias congénitas são relativamente frequentes, em especial em alguns grupos populacionais.
--E podem também constituir um problema de saúde pública. Com o aumento do número de imigrantes que Portugal acolhe, muitos deles vindos de países onde estas patologias têm prevalências mais elevadas, «os nossos cuidados primários têm de estar mais alerta para a detecção dos portadores», diz Letícia Ribeiro.
--Esta médica explica que a maioria das anemias congénitas são herdadas de pais portadores de alterações nos genes das cadeias da hemoglobina. Os portadores não são doentes, mas um casal de portadores tem, em cada gestação, 25% de probabilidade de ter um filho com uma anemia muito grave, que pode ser dependente de transfusões para toda a vida. Estas patologias chamam-se talassemias. As formas graves são a beta-talassemia major e intermédia, os portadores têm beta-talassemia minor.
--Outra forma grave de anemia congénita hereditária é a drepanocitose, que cursa com anemia e episódios de dores muito intensas. Nestes casos os pais são em geral portadores de uma variante de hemoglobina (hemoglobina S) que não dá nenhuma sintomatologia, mas, tal como na beta-talassemia, um casal de portadores tem, em cada gestação, 25% de probabilidades de ter um filho com uma doença grave – drepanocitose.
--Letícia Ribeiro sublinha que «a identificação dos indivíduos com beta-talassemia minor e dos portadores de hemoglobina S (AS) é fundamental para detectar os casais em risco de ter filhos com as formas graves destas patologias. O diagnóstico é feito através de um estudo de hemoglobinas».
--Em Portugal, a prevalência destas hemoglobinopatias não é uniforme, sendo maior no Alentejo e no Algarve devido à influência das populações do Norte de África. Na população que habita a Região Centro é de cerca de 2,1%. A situação é mais preocupante entre os imigrantes oriundos de África, do Brasil, da Ásia e da Índia.
--«Não só porque as hemoglobinopatias são mais frequentes nestas populações, mas também porque são as que menos acorrem aos cuidados primários», esclarece a especialista.
--«Na Zona Centro de Portugal estamos, desde há dois anos, a fazer um estudo de hemoglobinas às mulheres grávidas que frequentam os centros de saúde. O sangue é colhido por picada no dedo e é-nos enviado pelo correio. Este rastreio é feito em colaboração estreita com os respectivos médicos de família. Sempre que diagnosticamos ou suspeitamos de uma hemoglobinopatia contactamos o centro de saúde para que o casal seja convocado e estudado. Se só um é portador não há problema, se os dois são portadores são enviados à nossa consulta onde são orientados», completa.
Prof.ª Letícia Ribeiro
Fonte:
http://www.jasfarma.pt/artigo.php?publicacao=sp&numero=67&artigo=9

--O cancro constitui a primeira causa de morte não acidental após o primeiro ano de vida, sendo diagnosticados cerca de 300 novos casos todos os anos em Portugal.--O termo leucemia refere-se a um grupo de doenças complexas e diferentes entre si que afectam a produção dos glóbulos brancos. A leucemia é a doença maligna mais comum na infância, correspondendo aproximadamente a 30% dos casos de cancro na criança.
--A etiologia das leucemias permanece obscura. Na sua génese, parecem estar envolvidos mecanismos genéticos e ambientais. A origem decorre da proliferação desordenada de uma única célula progenitora, sendo as leucemias agudas mais comuns que as crónicas em toda a faixa pediátrica.
--“A investigação - feita pela universidade de Oxford, o hospital infantil Great Ormond Street, de Londres, e a associação de investigação médica Cancer Research - explica que o desenvolvimento do cancro das células sanguíneas na infância requer que um «reduzido, mas crucial grupo de células» sofra duas mutações.
--A primeira produz-se durante o primeiro período de gestação, o que faz com que algumas células da medula óssea se convertam em «pré-leucémicas».
--Porém, para que a criança desenvolva a doença, é necessário que uma segunda mutação ocorra durante os primeiros meses de vida.
--Esta segunda modificação genética, provavelmente causada por uma infecção comum, como uma constipação, alteraria o estado das células pré-leucémicas para células malignas.
--«Estas são células que causam e mantêm a doença», disse o professor Tariq Enver, responsável da investigação e membro da Unidade de Investigação Hematológica Molecular da Universidade de Oxford, salientando que, agora que são conhecidas estas células, é mais fácil "encontrar o seu calcanhar de Aquiles e combatê-las".
--Os investigadores averiguaram que estas células resistem à quimioterapia, pelo que o risco de recaída é elevado.
--O estudo indica também que um por cento das crianças tem células pré-leucémicas, mas destas só um número muito reduzido sofre a segunda e perigosa mutação.--Os cientistas britânicos chegaram a estas conclusões depois de estudar as gémeas Olivia e Isabella, de quatro anos, residentes em Kent, no Sul de Inglaterra.
--Ambas tinham células pré-leucémicas, mas só uma das meninas desenvolveu a doença.
--Quando estavam no útero materno, as células de uma das pequenas sofreram uma mutação que as converteu em pré-leucémicas e foram transmitidas por sangue à outra.
--Uma infecção comum de que sofreu Olivia fez com que essas células sofressem a segunda mutação genética, o que levou a que a menina ficasse doente com leucemia.
--Isabella ainda tem 10 por cento de possibilidades de sofrer este tipo de cancro - porque pode ainda produzir-se a segunda mutação -, mas o risco irá diminuindo até que desapareça na adolescência, quando as células pré-leucémicas serão erradicadas.
--A investigação foi recebida com entusiasmo pela comunidade científica no Reino Unido.”
Para os pais das crianças com leucemia ou outras patologias o choque do diagnóstico constitui a primeira avalanche de emoções. As reacções mais comuns são confusão, negação, medo, raiva, culpa e desgosto. A forma e o modo como cada um dos pais vivência estas situações depende de inúmeros factores.
--A confusão apresenta-se como sendo a fase seguinte de todo este processo. Aqui os pais ouvem explicações seguem-se os esclarecimentos diversificados que ouvem vezes sem conta.
--A negação, o medo a raiva e a culpa são sentimentos que também fazem parte deste rol de acontecimentos.

Sites consultados:
-http://www.youtube.com/watch?v=c_VHqg-3FPA&feature=related, em 12 de Fevereiro/09

Síndrome de Hunter

Terapêutica altera o rumo da doença
--
-«Quando o João Pedro Galvão nasceu era uma criança perfeitamente normal.» Foi desta forma que Ana Rita Galvão recorda o momento em que foi mãe pela primeira vez. Tudo parecia um sonho, mas passados dois anos a --«vida ficou de pernas para o ar».
--«Quando o meu filho tinha dois anos verificámos que tinha problemas de
equilíbrio. Por exemplo, quando estava deitado ou sentado, simplesmente, não se conseguia levantar. Com o passar do tempo, a situação permanecia inalterada e decidimos falar com o pediatra sobre o assunto», conta Ana Rita Galvão, acrescentando:
--«O médico não deu grande importância ao problema e limitou-se a dizer: “O João Pedro é preguiçoso.” Como a resposta não nos agradou, decidimos levá-lo ao médico de família. Na altura, mandou-o fazer um RX à coluna. Depois de obtermos o resultado fomos, outra vez, ao pediatra. Finalmente, percebeu que algo não estava bem e encaminhou-o para uma médica especialista».
--O João Pedro realizou uma série de exames que permitiram concluir que sofria da síndrome de Hunter.
--«Mas, antes do diagnóstico propriamente dito, constatámos que algo não estava bem, porque o João Pedro tinha a barriga e a língua maiores do que o normal. Quando o médico nos comunicou o diagnóstico, confesso que ficámos aflitos porque não possuíamos qualquer tipo de informação sobre a doença», recorda a mãe do João.
--Depois do choque, esta mãe percebeu que havia esperança, até porque «a terapêutica enzimática de substituição (idursulfase), indicada para o tratamento da síndrome de Hunter, já estava a ser estudada nos EUA e, dentro em breve, poderia chegar a Portugal. Felizmente, chegou antes do previsto e o João Pedro começou, de imediato, a fazer a terapêutica».
Relativamente à recuperação, Ana Rita Galvão confessa que «desde o início do tratamento que tem vindo a melhorar. Neste momento, está mais direito e já se consegue levantar sozinho».

--Para além do caso do João Pedro, temos a história do Isaac Brito, uma criança com 11 anos, que também sofre de síndrome de Hunter.
--Segundo João Paulo Brito, pai do Isaac, «a doença manifestou-se quando tinha 18 meses. Na altura pensávamos que sofria de uma pneumonia. Levámo-lo ao Hospital de São João, no Porto, e o médico decidiu que era necessário realizar uma biopsia ao fígado».
Depois de efectuado o exame, os resultados indicaram que Isaac sofria da doença de Hunter, de tipo II. «Nesse momento, ficámos a saber qual era o problema do Isaac, mas não possuíamos informação sobre a doença. A partir daí, foi necessário ir a inúmeras consultas e começaram os tratamentos.»
--O pai do Isaac recorda que a criança «fez uma série de exames que permitiam verificar como estava a evoluir a situação, mas desde que chegou a Portugal a terapêutica enzimática de substituição que ele está muito melhor».
--Em relação às perspectivas para o futuro, «apenas posso dizer que irei fazer os possíveis e impossíveis para o continuar a ajudar nesta dura batalha».

Alertar os profissionais de saúde para a patologia
--A Dr.ª Elisa Leão Teles, pediatra e coordenadora da Unidade de Doenças Metabólicas do Hospital de São João, explicou que a síndrome de Hunter «é uma doença de sobrecarga lisossomal, integrada no grupo das Muco­polisacaridoses, no qual são reconhecidos diferentes tipos, correspondendo a síndrome de Hunter à Mucopolissacaridose tipo II», refere a especialista, acrescentando:
--«É uma doença hereditária do metabolismo, com transmissão recessiva ligada ao cromossoma X, manifestando-se no sexo masculino; a mulher heterozigota raramente apresenta sinais de doença. É devida a deficiência de actividade de uma enzima lisossomal – a iduronato-2-sulfatase, que actua na degradação de alguns açúcares complexos, presentes nas células do organismo, denominados glicosaminoglicanos ou mucopolissacáridos. A actividade deficiente da enzima acima referida leva à acumulação destes produtos (concretamente do sulfato de heparano e do sulfato de dermatano) em diferentes tecidos e órgãos, provocando manifestações relacionadas com este envolvimento, elevada morbilidade e morte precoce. No País estão diagnosticados cerca de 25 doentes»
--Existe um conjunto de sintomas que devem alertar os médicos para a patologia. «O espectro de apresentação é variável, com manifestações clínicas mais ou menos severas, com um envolvimento multissistémico progressivo. O recém-nascido está bem, mas no decurso dos primeiros dois anos de vida surgem sinais e sintomas que devem constituir sinais de alerta», afirma, acrescentando:
--«A história de infecções respiratórias frequentes, com rinorreia crónica e otites recorrentes, a presença de hérnias umbilical/inguinal, abdómen proeminente, com aumento do volume dos órgãos (baço e fígado), cabeça grande e características faciais peculiares ou ainda alterações esqueléticas e contracturas articulares, associados ou não a alterações do desenvolvimento psicomotor, devem ser evocadores. Mais tarde, o quadro clínico vai progredindo, com aparecimento de outra sintomatologia, tornando-se o diagnóstico muito mais óbvio.»
--«O diagnóstico definitivo é afirmado através da determinação da actividade enzimática e/ou estudo molecular, que identifica a mutação genética causal, devendo a família ser orientada para aconselhamento», frisa Elisa Leão Teles.
--Em relação ao tratamento para esta doen­ça, a pediatra menciona que «até há pouco tempo não existia uma terapêutica específica eficaz, mas apenas sintomática. O trabalho de equipa multidisciplinar foi e é fundamental, para apoio adequado e orientado para os diferentes problemas existentes».
--«A terapêutica de substituição enzimática abriu novas perspectivas e, de uma forma geral, é observada logo a muito curto prazo significativa melhoria da qualidade de vida dos doen­tes. Mas é fundamental, para optimização de resultados, que seja iniciada precocemente.»
Relativamente aos cuidados que devem ser prestados a este tipo de doentes, Lígia Ramos, enfermeira do Hospital de Dia do Ambulatório de Pediatria do Hospital de São João, frisa que, «como existem manifestações clínicas multissistémicas, progressivas e variáveis, é necessário um trabalho interdisciplinar junto destas crianças», refere, acrescentando:
«Com a reposição enzimática, aliada a outras vertentes terapêuticas, consegue-se a recuperação de capacidades como a locomoção, motricidade fina e audição. Sendo assim, conquistam maior autonomia em actividades quotidianas e aumentam a sua auto-estima. Apostar nestas crianças permite aumentar a sua qualidade de vida, de modo a poder perspectivar o futuro e encontrar um sorriso», conclui Lígia Ramos.
--
Ajuda prestada pela APL
--A Associação Portuguesa das Doenças do Lisosoma (APL) foi constituída em 1996. O Dr. Francisco Beirão, presidente da APL, explica que a instituição trabalha para «incentivar a formação dos diferentes profissionais de saúde nesta área, sensibilizar a opinião pública e os poderes públicos para os problemas relacionados com o tratamento, prevenção e integração social destes doentes e incentivar a investigação para o desenvolvimento de novas terapêuticas específicas».
E acrescenta:
--«Também pretende apoiar os doentes e suas famílias fornecendo-lhes informação actua­lizada sobre as novas terapias e legislação correspondente, dar apoio jurídico e estabelecer colaborações com as associações congéneres, nacionais e/ou internacionais e, preferencialmente, com associações nacionais de outras doenças genéticas.»
Actualmente, a instituição conta com 200 associados, de entre os quais se encontram familiares e doentes portadores de 40 doenças do lisosoma.
--«As que têm maior incidência são as Lipidoses (doença de Gaucher; Fabry e Niemman-Pick), Mucopolissacaridoses (doença de Hurler, Hunter, Sanfilipo, Morquio e Maroteaux-Lamy) e Mucolipidoses (Tipo I, II, III, IV)», explicou. Segundo o presidente da APL, «estão inscritas na associação cinco pessoas com a doença de Hunter. Mas, brevemente, estamos a aguardar a entrada de mais duas».
--Para tentar dar a conhecer a patologia, a associação está a preparar o envio de um e-mail para os pediatras e médicos de família sobre a síndrome de Hunter. «O objectivo é alertar para a existência da doença e para as formas de tratamento», alerta Francisco Beirão.

--------------------------------- ---Texto: Paula Pereira
Fonte:
--O síndrome de Hunter é uma doença herdada ligada ao cromossoma X. As mulheres que apresentam um cromossoma X normal e um cromossoma X defeituoso estão livres da doença. Os homens que apresentam um defeito no cromossoma X desenvolvem a síndrome. A anormalidade que causa esta síndrome é a falta da enzima iduronato sulfatase. Em razão de sua ausência, os mucopolissacarídeos se acumulam em vários tecidos do corpo, causando danos.
--As crianças afectadas podem desenvolver um início prematuro da doença tipo (A) logo após os 2 anos de idade, o que causa um aumento do crânio, características faciais grosseiras, retardo mental profundo, espascidade, rigidez e comportamento agressivo. O início tardio tipo (B) causa sintomas mais leves.

Site consultado:
http://www.jasfarma.pt/artigo.php?publicacao=sp&numero=66&artigo=9~, em 4 de Fevereiro/09

Concebidos sem doença




--Esta reportagem extraída da revista Visão, publicada na semana de 15 a 21 de Janeiro de 2009, relata-nos experiências de pessoas que, por serem portadoras de doenças genéticas, optaram por recorrer à fertilização in vitro para terem filhos saudáveis.
--Ora, qual a pertinência desta reportagem no âmbito da disciplina de Intervenção Precoce? Sendo esta uma disciplina cujos objectivos se centram na identificação, tendo em conta o despiste, o diagnóstico e a avaliação de situações de risco então, podemos dizer que esse risco é avaliado não apenas “a nível peri e pós-natal, mas também a nível pré-natal” (Almeida, 1988, p.7).
--Claro que esta reportagem não remete para possíveis deficiências que estas crianças possam vir a desenvolver e que, por isso, devam ser sinalizadas. Parece-nos, sim, que sendo estas gravidezes concebidas de modo não convencional, os riscos de prematuridade destes bebés, seja grande. E aqui, sim, estas crianças poderão ser consideradas em risco, na medida em que dessa prematuridade poderão surgir complicações “que podem conduzir a atrasos no desenvolvimento”.
--Neste contexto, a Intervenção Precoce será tanto mais eficaz quanto mais cedo os técnicos intervierem. Não esquecendo, no entanto, que esta intervenção, tendo como ponto central a criança, deve alargar-se à sua família e restante comunidade onde esta se insere. Como salienta Bairrão (2003, p.8) “o fortalecimento da família, a sua autonomia em relação aos técnicos, o seu papel fundamental na gestão de recursos e na mediação dos problemas dos seus filhos são ainda componentes essenciais”. Nesta linha, importa lembrar os modelos transaccionais de Bronfenbrenner e Sameroff, que grandes contributos deram à Intervenção Precoce, no sentido de alertarem para a importância da família das crianças portadoras de deficiência.
--Assim, a Intervenção Precoce deve ter na família um forte aliado na tarefa de educar este tipo de crianças. Daí que o seu trabalho seja transdisciplinar.

Bibliografia:
· ALMEIDA, I. C. (1988). Abordagem teórica ao modelo Portage para pais, p.1-8
· BAIRRÃO, J. (2003). Psicologia, Vol. XVII (1), p. 7-13Revista Visão. Nascidos sem Doenças, Lisboa, Janeiro de 2009, p. 79-81


Early intervention in autism

--Este artigo científico, retirado da revista Infants and young children pareceu-nos bastante oportuno e pertinente para integrar o nosso portefólio, uma vez que sublinha a importância da Intervenção Precoce no tratamento do autismo em crianças dos zero aos três anos.
--Com efeito, ao longo de todo o artigo são descritos tratamentos e programas específicos, que variam de acordo com a idade da criança, defendendo-se, no entanto, que: […] children who enter programs at younger ages make greater gains than those who enter programs at older ages. (Harris e Handlemann, 2000; Sheinkopf e Siegel, 1998). Tais programas also use teaching strategies designed for the generalization and maintenance of skills, individualized intervention plans based on a child’s strengths and needs and planned transitions from preschool to school age. (Corsello, p.5)
--Mas, outro aspecto salientado, neste artigo, é o envolvimento da família da criança autista nestes programas de tratamento, bem como a experiência dos técnicos que integram estas equipas. Isso mesmo é sublinhado pela autora: All of these programs include young children (…), active family involvement and are intensive in hours. In addition, in most of the model programs, staff is well trained and experienced in working with children with autism and the physical environment is supportive (Corsello, p.5). Esta mesma ideia é sublinhada por Schorr (1989) que defende que os programas eficazes são aqueles que (…) têm pessoal treinado e com competências para desenvolverem relações positivas e de confiança com as crianças e com as famílias (Texto de apoio 2, p.2).
--Desta forma, defende-se que no tratamento do autismo, a Intervenção Precoce ganha importância sobretudo se actuar o mais cedo possível. Aliás a própria autora defende que children make greater gains when they enter a programa at younger age. (Corsello, p.9).
--Sendo a Intervenção Precoce, fundamentalmente, uma organização de serviços e recursos, com carácter pluridisciplinar, então será importante referir que uma criança com um problema, como o autismo, bem como a sua família e comunidade envolvente, terão todo o ganho em servir-se dela, não apenas tendo em conta o desenvolvimento global da criança como também, e sobretudo, potenciar-lhe uma boa qualidade de vida. É, pois, nesta linha que a Intervenção Precoce deve englobar uma prestação de serviços à família e à criança com base nos recursos formais e informais existentes na comunidade por forma a capacitá-la e co-responsabilizá-la na satisfação das suas necessidades. (Correia e Serrano, 1998, p.26).
--
Bibliografia:

· CORREIA, L. M. e SERRANO, A. M. (1988). Envolvimento parental na Intervenção Precoce. Porto: Porto Editora
· Adaptado de BAILEY, D. B. e WOLERY, M. (1992). Teaching infants and preschoolers with disabilities (pp. 2-12). New York: Macmillan Publishing Company (Texto de Apoio 2)
--
Sites consultados:
· CORSELLO, C. M. (2005). Infants and young children, Vol. 18 (nº2), pp. 74-85 in http://depts.washington.edu/isei/iyc/iyc_previous.html, em 2 de Fevereiro/09

Pensar sobre os Artigos científicos...

A criopreservação das células estaminais

Guardo ou não guardo as Células Estaminais?

-- A gravidez é um período fértil em dúvidas. Mas também é verdade que uma futura mãe está mais predisposta a procurar informação sobre os temas mais importantes para si, nesta fase da sua vida, principalmente no que se refere à saúde e uma melhor qualidade de vida para si e para o seu bebé. A criopreservação das células estaminais é um deles. Daí, a questão muitas vezes colocada pelos futuros pais: Guardo ou não guardo as células estaminais?
-- Há cada vez mais interesse em perceber a importância das células estaminais do sangue do cordão umbilical dos bebés, para poder tomar a decisão sobre a sua criopreservação - uma decisão que tem de ser tomada antes do parto, o único momento em que é possível efectuar a recolha.
-- Apesar de ser um método ainda recente, sabe-se já que o recurso à criopreservação das células estaminais do sangue do cordão umbilical do bebé pode ser decisivo para enfrentar mais de 60 doenças graves –, muitas delas nos primeiros anos de vida, um número que futuramente deverá aumentar.
-- No nosso país, são 5 as empresas que oferecem um serviço de criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical (SCU); sendo que a “Crioestaminal”, empresa pioneira e líder no nosso país, já contribuiu para transplantes realizados, ou seja, uma amostra das células estaminais criopreservadas já foram utilizadas para ajudar no tratamento de uma criança que sofria de uma imunodeficiência combinada severa e foi transplantada no IPO do Porto.
-- Muitas são as aplicações terapêuticas das células estaminais criopreservadas, “[…] estas não são umas células quaisquer, mas sim uma espécie de supercélulas indiferenciadas, já que tem a capacidade de se diferenciar em vários tipos celulares, de se renovar e dividir indefinidamente” (Revista, 2008). É devido a estas excepcionais características que são tão importantes na terapia de várias doenças graves, como seja,“[…] deficiências medulares, doenças metabólicas, imunodeficiências, hemoglobinopatias, hemato-oncológicas, como leucemias, linfomas” (2008). Por outro lado, demonstram igualmente capacidade na regeneração dos tecidos, o que, no futuro, poderá aumentar a sua aplicabilidade noutro tipo de doenças, como as doenças ósseas e cardíacas. O potencial é assim enorme e perspectivam-se novas aplicações terapêuticas para o futuro. Os transplantes de medula óssea, é já uma alternativa real , evitando em alguns casos, as longas listas de espera em busca de dadores compatíveis.
-- Na perspectiva da Intervenção Precoce, é cada vez maior o número de pais a confiar nesta nova tecnologia. O aumento da confiança dos portugueses na criopreservação reflecte um maior conhecimento do procedimento e das potencialidades terapêuticas das células estaminais, que são armazenadas por um período mínimo de 20 anos.

Um dos elementos do nosso grupo de trabalho, optou pela criopreservação das células estaminais do seu bebé, do que não se arrepende, confessando que, mesmo sendo uma decisão muito pessoal, aconselha todos os futuros pais a fazê-lo, embora seja um processo dispendioso e financeiramente difícil de suportar para muitos casais. Pensamos que valerá sempre a pena, pois a preservação das células estaminais do cordão umbilical do nosso bebé, é um eficaz seguro de vida, que esperamos nunca utilizar.

Bibliografia:
· Revista Crioestaminal. Janeiro, 2008. 1º edição;

A vida intra-uterina


--Quando seleccionamos esta imagem para o nosso portefólio, ela sugeriu-nos uma reflexão que nos pareceu pertinente no contexto da Intervenção Precoce.
--O facto de, mesmo antes do nascimento, poderem ser detectadas, graças aos avanços científico-tecnológicos, anomalias, malformações ou deficiências naquele bebé, leva-nos a pensar em situação de risco biológico.
--Pelo que foi dito, duas questões se impõem: Como receberão os pais uma criança diferente (qual a reacção à situação) e qual o papel da Intervenção Precoce neste contexto.
--No que respeita à primeira pergunta, parece-nos que os pais/família viverão sentimentos contraditórios e que, por isso, passarão por momentos que poderão ir do choque, angústia à aceitação ou não, o que terá implicações na própria forma de assumir o bebé e de com ele interagir. A segunda questão parece-nos central já que a Intervenção Precoce poderá ir ao encontro das dúvidas, angústias e receios vividos por estes pais. Assim, podemos avançar, entre outras, algumas das funções da Intervenção Precoce neste domínio: conhecer as características do desenvolvimento daquela criança, bem como as suas potencialidades e necessidades; conhecer o seu meio envolvente e a sua influência no comportamento e desenvolvimento daquela criança; ajudar a acriança a adaptar-se às exigências do meio; ter um papel transdisciplinar; compreender o contexto mais alargado que envolve a criança e a família e envolver as famílias nas equipas e nas tomadas de decisão sobre a criança.
--Claro que será importante um trabalho continuado, visto que a reorganização da família, face a uma situação de deficiência, nem sempre poderá ser fácil e rápida, ao mesmo tempo que é importante acompanhar de imediato aquela criança para a ajudar no seu desenvolvimento global.
Gostaríamos, pois, de concluir, sublinhando, que “quanto mais cedo forem detectadas as condições de risco (sociais, familiares, biológicas…) e mais cedo se implementarem programas de intervenção eficazes, maiores probabilidades terá a criança de ultrapassar, ou pelo menos de atenuar, os efeitos resultantes dessa situação de risco”. (Almeida, 1988, p.1)
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Bibliografia:
·ALMEIDA, I. C. (1988). Abordagem teórica ao modelo Portage para pais, p.1
.Apontamentos disponibilizados pela professora, Dr.ª Vera Vale, nas aulas.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Síndrome de Prader Willi

O Síndrome de Prader-Willi (PWS) tem origem numa anomalia genética, é causado pela ausência da região PWS/AS do cromossoma 15 paterno. Caracteriza-se por todos os portadores apresentarem à nascença hipotonia (flacidez) e dificuldades de amamentação. Mais tarde, entre os 12 meses e os 6 anos, surge um apetite insaciável, levando ao aumento excessivo de peso e ao aparecimento de obesidade mórbida, obrigando a um controlo muito restritivo da alimentação. As principais aquisições motoras e de linguagem surgem normalmente com atraso. (Fonte: Associação Portuguesa de Doenças Raras – Rarissímas)
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O desconhecimento conduz ao preconceito

Não raras vezes a obesidade é encarada de forma preconceituosa pela sociedade. É vista como um desleixo do individuo, resultante de maus hábitos alimentares, que só não são controlados por falta de vontade própria e gula. Por isso, os sintomas da síndrome de Prader Willi não são facilmente detectados e compreendidos, trazendo muitas dificuldades para as crianças e para as suas famílias na vida social, na educação e na realização de tarefas simples do dia-a-dia (vestir, comprar roupa, apertar os sapatos, sentar-se). Estas tarefas, que para crianças ditas normais são de fácil execução, tornam-se um sacrifico e motivo de isolamento social do obeso.
Numa sociedade onde impera a imagem baseada em estereótipos de magreza quase doentia, as crianças obesas tendem a isolar-se, esconder-se no seu mundo e a evitar todos os contactos sociais que poderão provocar-lhe constrangimentos e, consequentemente sofrimento. Ninguém entra numa loja de roupas se à partida souber que nada lhe serve, se senta numa cadeira se achar que não tem espaço suficiente, frequenta uma piscina se achar que vai ser motivo de chacota, enfim variadíssimas situações, que mais ou menos conhecemos que excluem os obesos do convívio social e que os conduzem a problemas psicológicos e comportamentais que, segundo vários autores, tendem a agravar-se com a idade adulta.
--Apesar de, na maioria das vezes, passarem despercebidos, os sintomas podem ser detectados logo à nascença. A criança com síndrome de Prader Willi, apresenta baixos índices de Apgar, dificuldades em sugar, ausência de choro, poucos movimentos e dorme por longos períodos (Associação Nacional da Síndrome de Prader willi no Brasil). Sempre que se apresentem estes sintomas deve ser realizado o estudo genético, que confirme ou infirme as suspeitas. Quando o diagnóstico surge, deve acontecer de imediato uma intervenção precoce preconizada por profissionais que proporcionem às famílias orientações voltadas para prevenção da obesidade, sobretudo ajudando-as a implementar um plano alimentar rigoroso, a promover rotinas que estimulem a criança a movimentar-se e a seguirem acompanhamento médico adequado (nutricionistas e fisiatras).
--Uma intervenção logo em bebé, que tem de se prolongar ao longo do crescimento, pode evitar o sofrimento de uma auto e hetero exclusão social baseada em pré conceitos que encaram o portador de Prader Willi como um comedor compulsivo e não como um doente.
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Asma

Os desencadeadores da asma estão em toda a parte.
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A poluição atmosférica, o pó, o cheiro de algumas espécies de plantas, o pólen das flores, o fumo de cigarro, os animais, alguns alimentos, o cheiro ou toque em produtos tóxicos, enfim..., estes são alguns exemplos elucidativos, que a imagem anterior nos mostra, para retratar as possíveis causas das manifestações da asma. Daí, a frase que nos surgiu para melhor sistematizar os possíveis responsáveis da asma: Os desencadeadores da asma estão em toda a parte.
Nas últimas décadas, tem-se assistido a um aumento da prevalência da asma infantil, “como provável consequência das mudanças ambientais, as condições climatéricas, os hábitos e dietas alimentares” (Ana Neves). Esta doença afecta, segundo a Doutora Ana Margarida Neves, cerca de 15% das crianças portuguesas.
A asma é uma “doença inflamatória crónica das vias aéreas que provoca episódios recorrentes de pieira, dificuldade respiratória, a chamada dispneia, opressão torácica e tosse. É uma das doenças crónicas mais frequentes na criança.” (Ana Meves). Segundo esta Pediatra, ela manifesta-se bastante precocemente, na maioria das crianças, antes dos cinco anos de idade.
Trata-se portanto, de uma doença crónica que, consequentemente, se reflecte em várias áreas da vida da criança: actividade física, bem-estar psíquico e sucesso escolar. Por isso consideramos, que é imprescindível que seja diagnosticada o mais cedo possível, a fim de se intervir precocemente, para evitar as agudizações da doença, interferência na qualidade de vida, bem como a sua evolução para formas mais graves com alterações irreversíveis.
Normalmente, através de um conjunto de sintomas, é fácil reconhecer a asma, no entanto, a Drª Ana Neves adverte:“Nas crianças pequenas, não é assim tão identificável, uma vez que podem não apresentar as manifestações habituais, confundindo-se com as vulgares bronquiolites, podendo cursar com febre, ter apenas tosse ou cansaço após esforços físicos”.
Em resposta a vários estímulos, as vias aéreas das crianças asmáticas tornam-se mais estreitas e inflamadas e provocam sintomas como, tosse, sensação de aperto no peito, pieira (chiadeira ou assobios na respiração) e falta de ar. Aos primeiros sinais a Drª Ana Neves é peremptória; “(...) os pais devem, logo no início da crise, efectuar o tratamento (…) com o broncodilatador, de preferência com o auxílio de uma câmara de inalação, o mais precocemente possível” (R.Prevenir, 2008).
É nosso entender, que aos primeiros sintomas, os pais também devam levar o seu filho ao médico de família que, consoante os resultados da sua avaliação, o encaminhará para uma consulta de especialista (Alergologia Infantil). Aqui, todos os exames necessários serão realizados.
Depois de diagnosticada a doença, é possível controlar os seus sintomas. Mas, para isso, é preciso haver uma interligação grande entre os familiares e os profissionais de saúde. A família será com toda a certeza, o maior aliado na prevenção e intervenção da patologia da criança. Apesar de não poder ser curada, a asma pode e deve ser controlada. Assim, é possível dar às crianças asmáticas o bem-estar de que precisam para terem uma vida perfeitamente normal.
A forma mais adequada de prevenir a asma nas crianças é evitando a sua exposição aos estímulos que a provocam, nomeadamente, a agentes irritantes ou cheiros activos, como são os ácaros do pó, os pêlos e penas dos animais, os pólenes das plantas, bolores, o fumo do tabaco, a ambientes poluídos, a determinados alimentos, entre outros.
Embora seja no exterior que se encontra um grande número de estímulos desencadeadores da asma, o perigo também espreita dentro de portas, nomeadamente nas nossa casas. Apesar da sua eliminação permanente ser impossível, os pais de uma criança asmática, podem adoptar uma série de medidas para reduzir a sua concentração, precocemente. Aqui enunciamos algumas medidas simples:
_ ·Manter a casa bem ventilada e sem mofo;
_ ·.Retirar do quarto objectos e móveis que possam acumular poeira, tais como cortinas;
_ ·Evitar cheiros fortes, perfumes, insecticidas e spray;
_ ·Não permitir que fumem dentro de casa;
_ ·Forrar o colchão e o travesseiro com tecido impermeável;
_ ·Limpar o pó com aspirador ou pano húmido, pelo menos uma vez por semana;
_ · A cama é o local de maior concentração de ácaros de uma casa. Aspire o colchão, assim como os travesseiros, pelo menos, uma vez por semana. Recomenda-se também a exposição ao sol e ambiente arejado.
_ ·As mobílias e o chão da casa deve ser sempre bem lavado;
_ ·Forrar travesseiros e colchões com tecido de material sintético;
_ ·Evitar ter peluches;
_ ·Substituir produtos de limpeza por outros, menos corrosivos;
_ ·Preferir edredão a cobertores;
É de salientar também, que no âmbito de uma intervenção precoce, o aleitamento materno pode reforçar o sistema imunitário e atrasar o contacto com alergénios alimentares.
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Bibliografia:
·NEVES A. M. (pediatra e imunoalergologista infantil do serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria). Revista Prevenir, nº 28, Lisboa